quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Para o 9º ano: Projeto de investigação

Queridos,

Podem me entregar o "Projeto de Investigação", páginas 46 e 47, dia 11/03.

Um abraço,

Patrícia Andréa Borges
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terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Para o 3º Médio: Simbolismo ( fins do século XIX )

Esta fase literária inicia-se com a publicação de Missal e Broquéis de João da Cruz e Souza. Os poetas simbolistas usavam uma linguagem abstrata e sugestiva, enchendo suas obras de misticismo e religiosidade. Valorizavam muito os mistérios da morte e dos sonhos, carregando os textos de subjetivismo. Os principais representantes do simbolismo foram: Cruz e Souza e Alphonsus de Guimaraens.
Introdução


O simbolismo foi um movimento que se desenvolveu nas artes plásticas, teatro e literatura. Surgiu na França, no final do século XIX, em oposição ao Naturalismo e ao Realismo.

Características do Simbolismo

- Ênfase em temas místicos, imaginários e subjetivos;
- Caráter individualista
- Desconsideração das questões sociais abordadas pelo Realismo e Naturalismo;
- Estética marcada pela musicalidade (a poesia aproxima-se da música);
- Produção de obras de arte baseadas na intuição, descartando a lógica e a razão
- Utilização de recursos literários como, por exemplo, a aliteração (repetição de um fonema consonantal) e a assonância (repetição de fonemas vocálicos).

Simbolismo no Brasil

No Brasil, o simbolismo teve início no ano de 1893, com a publicação de duas obras de Cruz e Souza: Missal (prosa) e Broquéis (poesia). O movimento simbolista na literatura brasileira teve força até o movimento modernista do começo da década de 1920.

Principais artistas simbolistas

Literatura internacional:

- Charles Baudelaire – autor da obra As flores do mal (1857) que é considerada um marco no simbolismo lliterário.
- Arthur Rimbaud
- Stéphane Mallarmé
- Paul Verlaine

Literatura brasileira:
- Cruz e Souza
- Alphonsus de Guimaraens

Artes Plásticas:
- Paul Gauguin
- Gustave Moreau
- Odilon Redon

Teatro
- Maurice Maeterlinck
- Gabriele d'Annunzio

Correspondências

A natureza é um templo augusto, singular,
Que a gente ouve exprimir em língua misteriosa;
Um bosque simbolista onde a árvore frondosa
Vê passar os mortais, e segue-os com o olhar.

Como distintos sons que ao longe vão perder-se,
Formando uma só voz, de uma rara unidade,
Tem vasta como a noite a claridade,
Sons, perfumes e cor logram corresponder-se


Há perfumes subtis de carnes virginais,
Doces como o oboé, verdes como o alecrim,
E outros, de corrupção, ricos e triunfais

Como o âmbar e o musgo, o incenso e o benjoim,
Entoando o louvor dos arroubos ideais,
Com a larga expansão das notas d'um clarim.

Charles Baudelaire, in "As Flores do Mal"
Tradução de Delfim Guimarães

Para o 2º Médio: Barroco ( século XVII )

Essa época foi marcada pelas oposições e pelos conflitos espirituais. Esse contexto histórico acabou influenciando na produção literária, gerando o fenômeno do barroco. As obras são marcadas pela angústia e pela oposição entre o mundo material e o espiritual. Metáforas, antíteses e hipérboles são as figuras de linguagem mais usadas neste período. Podemos citar como principais representantes desta época: Bento Teixeira, autor de Prosopopéia; Gregório de Matos Guerra ( Boca do Inferno ), autor de várias poesias críticas e satíricas; e padre Antônio Vieira, autor de Sermão da Sexagésima.

Origens e Características do Barroco

O barroco foi uma tendência artística que se desenvolveu primeiramente nas artes plásticas e depois se manifestou na literatura, no teatro e na música. O berço do barroco é a Itália do século XVII, porém se espalhou por outros países europeus como, por exemplo, a Holanda, a Bélgica, a França e a Espanha. O barroco permaneceu vivo no mundo das artes até o século XVIII. Na América Latina, o barroco entrou no século XVII, trazido por artistas que viajavam para a Europa, e permaneceu até o final do século XVIII.

Contexto histórico

O barroco se desenvolve no seguinte contexto histórico: após o processo de Reformas Religiosas, ocorrido no século XVI, a Igreja Católica havia perdido muito espaço e poder. Mesmo assim, os católicos continuavam influenciando muito o cenário político, econômico e religioso na Europa. A arte barroca surge neste contexto e expressa todo o contraste deste período: a espiritualidade e teocentrismo da Idade Média com o racionalismo e antropocentrismo do Renascimento.

Os artistas barrocos foram patrocinados pelos monarcas, burgueses e pelo clero. As obras de pintura e escultura deste período são rebuscadas, detalhistas e expressam as emoções da vida e do ser humano.

A palavra barroco tem um significado que representa bem as características deste estilo. Significa " pérola irregular" ou "pérola deformada" e representa de forma pejorativa a idéia de irregularidade.

O período final do barroco (século XVIII) é chamado de rococó e possui algumas peculiaridades, embora as principais características do barroco estão presentes nesta fase. No rococó existe a presença de curvas e muitos detalhes decorativos (conchas, flores, folhas, ramos). Os temas relacionados à mitologia grega e romana, além dos hábitos das cortes também aparecem com freqüência.

BARROCO EUROPEU

As obras dos artistas barrocos europeus valorizam as cores, as sombras e a luz, e representam os contrates. As imagens não são tão centralizadas quanto as renascentistas e aparecem de forma dinâmica, valorizando o movimento. Os temas principais são : mitologia, passagens da Bíblia e a história da humanidade. As cenas retratadas costumam ser sobre a vida da nobreza, o cotidiano da burguesia, naturezas-mortas entre outros. Muitos artistas barrocos dedicaram-se a decorar igrejas com esculturas e pinturas, utilizando a técnica da perspectiva.

As esculturas barrocas mostram faces humanas marcadas pelas emoções, principalmente o sofrimento. Os traços se contorcem, demonstrando um movimento exagerado. Predominam nas esculturas as curvas, os relevos e a utilização da cor dourada.

Podemos citar como principais artistas do barroco: o espanhol Velásquez, o italiano Caravaggio, os belgas Van Dyck e Frans Hals, os holandeses Rembrandt e Vermeer e o flamengo Rubens.

BARROCO NO BRASIL

O barroco brasileiro foi diretamente influenciado pelo barroco português, porém, com o tempo, foi assumindo características próprias. A grande produção artística barroca no Brasil ocorreu nas cidade auríferas de Minas Gerais, no chamado século do ouro (século XVIII). Estas cidades eram ricas e possuíam um intensa vida cultura e artística em pleno desenvolvimento.

O principal representante do barroco mineiro foi o escultor e arquiteto Antônio Francisco de Lisboa também conhecido como Aleijadinho. Sua obras, de forte caráter religioso, eram feitas em madeira e pedra-sabão, os principais materiais usados pelos artistas barrocos do Brasil. Podemos citar algumas obras de Aleijadinho: Os Doze Profetas e Os Passos da Paixão, na Igreja de Bom Jesus de Matozinhos, em Congonhas do Campo (MG).

Outros artistas importantes do barroco brasileiro foram: o pintor mineiro Manuel da Costa Ataíde e o escultor carioca Mestre Valentim. No estado da Bahia, o barroco destacou-se na decoração das igrejas em Salvador como, por exemplo, de São Francisco de Assis e a da Ordem Terceira de São Francisco.

Gregório de Matos

Quem foi
Gregório de Matos e Guerra foi um importante poeta colonial brasileiro do século XVII. Nasceu em 7 de abril de 1633, na cidade de Salvador (Bahia).

Vida e obras
Era de uma família rica, formada por empreiteiros e altos funcionários administrativos. Estudou num colégio Jesuíta da Bahia e depois continuou seus estudos na cidade de Lisboa e depois na Universidade de Coimbra, onde se formou em Direito. Neste país fez carreira de jurista.

Ao retornar ao Brasil, passa a viver de trabalhos na área jurídica, mas também começa sua dedicação à literatura. Passa a escrever sátiras sobre a sociedade da época. Em função de suas críticas duras aos integrantes da sociedade (políticos, religiosos, empresários) ganhou o apelido de “boca do inferno”. Também escreveu poemas de caráter erótico e amoroso.

As autoridades locais começaram a ficar descontentes com as críticas e passaram a perseguir Gregório de Matos. Preso em 1694, foi deportado para Angola (África).

Depois de um tempo, ganha a autorização para retornar ao Brasil. Porém, vai viver na cidade de Recife. Nesta cidade, faleceu em 26 de novembro de 1696 de febre que havia contraído em Angola.

Poemas de Gregório de Matos:

A EL REY D. PEDRO II COM UM ASTROLABIO DE TOMAR O SOL, QUE MANDOU O Pe. VALENTIM STANCEL DEDICADO AO RENASCIDO MONARCA.

Este, Senhor, que fiz leve instrumento
Para pesar o sol a qualquer hora,
Dedico a aquele Sol, a cuja aurora
Já destinam dous mundos rendimento.

Desta minha humildade, e desalento,
Que a sua quarta esfera não ignora,
subindo a oitavo céu, pertende agora
A estrela achar no vosso firmamento.

Eu, que outro sol no seu zenith pondero
Aos do Nascido Soberanos Raios,
Pesando-me eu a mim me desespero.

Mas vós, Águia Real, esses ensaios
Entre os vossos levai, pois considero,
Que nunca em tanta sombra houve desmaios.

Pica-Flor

A uma freira que satirizando a delgada fisionomia do poeta lhe chamou "Pica-Flor".

Se Pica-Flor me chamais,
Pica-Flor aceito ser,
Mas resta agora saber,
Se no nome que me dais,
Meteia a flor que guardais
No passarinho melhor!
Se me dais este favor,
Sendo só de mim o Pica,
E o mais vosso, claro fica,
Que fico então Pica-Flor.

Triste Bahia

Triste Bahia! Ó quão dessemelhante
Estás e estou do nosso antigo estado!
Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,
Rica te vi eu já, tu a mi abundante.

A ti trocou-te a máquina mercante,
Que em tua larga barra tem entrado,
A mim foi-me trocando, e tem trocado,
Tanto negócio e tanto negociante.

Deste em dar tanto açúcar excelente
Pelas drogas inúteis, que abelhuda
Simples aceitas do sagaz Brichote.

Oh se quisera Deus que de repente
Um dia amanheceras tão sisuda
Que fora de algodão o teu capote!

DEFINE O POETA OS MAUS MODOS DE OBRAR NA GOVERNANÇA DA BAHIA, PRINCIPALMENTE NAQUELA UNIVERSAL FOME QUE PADECIA A CIDADE.


Que falta nesta cidade? ... Verdade.
Que mais por sua desonra? ... Honra.
Falta mais que se lhe ponha? ... Vergonha.

O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta,
Numa cidade, onde falta
Verdade, honra, vergonha.

Quem a pôs neste socrócio? ... Negócio.
Quem causa tal perdição? ... Ambição.
E o maior desta loucura? ... Usura.

Notável desaventura
De um povo néscio e sandeu,
Que não sabe que o perdeu
Negócio, ambição, usura.

Quais são meus doces objetos? ... Pretos.
Tem outros bens mais maciços? ... Mestiços.
Quais destes lhe são mais gratos? ... Mulatos.

Dou ao Demo os insensatos,
Dou ao demo o povo asnal,
Que estima por cabedal
Pretos, mestiços, mulatos.

Quem faz os círios mesquinhos? ... Meirinhos.
Quem faz as farinhas tardas? ... Guardas.
Quem as tem nos aposentos? ... Sargentos.

Os círios lá vêm aos centos,
E a terra fica esfaimada,
porque os vão atravessando
Meirinhos, guardas, sargentos.

E que justiça a resguarda? ... Bastarda.
É grátis distribuída? ... Vendida.
Que tem, que a todos assusta? ... Injusta.

Valha-nos Deus, o que custa
O que El-Rei nos dá de graça,
Que anda a justiça na praça
Bastarda, vendida, injusta.

Que vai pela clerezia? ... Simonia.
E pelos membros da Igreja? ... Inveja.
Cuidei, que mais se lhe punha? ... Unha.

Sazonada caramunha!
Enfim, que na Santa Sé
O que se pratica, é
Simonia, inveja, unha.

E nos frades há manqueiras? ... Freiras.
Em que ocupam os serões? ... Sermões.
Não se ocupam em disputas? ... Putas.

Com palavras dissolutas
Me concluo na verdade,
Que as lidas todas de um frade
São freiras, sermões, e putas.

O açúcar já se acabou? ... Baixou.
E o dinheiro se extinguiu? ... Subiu.
Logo já convalesceu? ... Morreu.

À Bahia aconteceu
O que a um doente acontece:
Cai na cama, e o mal lhe cresce,
Baixou, subiu, e morreu.

A Câmara não acode? ... Não pode.
Pois não tem todo o poder? ... Não quer.
É que o governo a convence? ... Não vence.

Quem haverá que tal pense,
Que uma Câmara tão nobre
Por ver-se mísera, e pobre

Não pode, não quer, não vence!

GLOSSÁRIO:
Socrócio - aperto, ambição; furto.
Círios - sacos de farinha (a grafia correta é sírios)
Simonia - venda de coisas sagradas.
Unha - roubalheira; avareza; tirania, opressão.
Sazonada caramunha - Experimentada lamentação! (Soares Amora). A expressão tem sentido ambíguo. Sazonada é derivado de sazonar e equivale a amadurecida. Caramunha pode ser "a cara das crianças quando choram" ou a "lástima pelo próprio mal que se causou".
Manqueiras - Vícios, defeitos; doença infecciosa no homem e em certos animais.

DESCREVE O QUE ERA NAQUELE TEMPO A CIDADE DA BAHIA

A cada canto um grande conselheiro,
Que nos quer governar cabana e vinha;
Não sabem governar sua cozinha,
E podem governar o mundo inteiro.

Em cada porta um bem freqüente olheiro,
Que a vida do vizinho e da vizinha
Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha,
Para o levar à praça e ao terreiro.

Muitos mulatos desavergonhados,
Trazidos sob os pés os homens nobres,
Posta nas palmas toda a picardia,

Estupendas usuras nos mercados,
Todos os que não furtam muito pobres:
E eis aqui a cidade da Bahia.

A DESPEDIDA DO MAU GOVERNO QUE FEZ O GOVERNADOR DA BAHIA.

Senhor Antão de Sousa de Menezes,
Quem sobe ao alto lugar, que não merece,
Homem sobe, asno vai, burro parece,
Que o subir é desgraça muitas vezes.

A fortunilha, autora de entremezes
Transpõe em burro o herói que indigno cresce:
Desanda a roda, e logo homem parece,
Que é discreta a fortuna em seus reveses.

Homem sei eu que foi vossenhoria,
Quando o pisava da fortuna a roda,
Burro foi ao subir tão alto clima.

Pois, alto! Vá descendo onde jazia,
Verá quanto melhor se lhe acomoda
Ser homem embaixo do que burro em cima.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

'Grande Sertão', série com Bruna Lombardi sai em DVD

Um quarto de século após sua exibição, 'Grande Sertão: Veredas' de Walter Avancini resistiu ao tempo.

Antonio Gonçalves Filho, de O Estado de S. Paulo

Bruna Lombardi: 'Eu venci tudo o que havia de frágil em mim para encarnar Diadorim'
Paulo Liebert/AE.

Bruna Lombardi: 'Eu venci tudo o que havia de frágil em mim para encarnar Diadorim'.


SÃO PAULO - Há 25 anos, a atriz Bruna Lombardi, então com 33 anos, vestiu-se de homem e passou três meses cavalgando sobre as terras áridas de Paredão de Minas, um vilarejo de 225 habitantes no distrito de Buritizeiro, na época sem luz nem televisão, invadido de uma hora para outra por uma voraz trupe de profissionais da televisão, que consumiam um boi a cada refeição e 13 mil copos de água por dia, além de uma tonelada de frutas por semana.

Tudo isso para gravar uma das melhores minisséries produzidas na história da TV Globo, Grande Sertão: Veredas, baseada na obra homônima de Guimarães Rosa (1908-1967). Nela, Bruna Lombardi interpretava o jagunço Diadorim, sobre o qual fala nesta entrevista ao Estado.


Bruna no papel de Diadorim e Tony Ramos, como Riobaldo. Foto: Divulgação

Companheiro de Riobaldo, o narrador protagonista na minissérie recém-lançada em DVD pela Globo Marcas (quatro discos, R$ 69,90) e dirigida por Walter Avancini (1935-2001), Diadorim é um dos personagens mais complexos da literatura brasileira que, graças aos esforços da atriz, conquistou 10 milhões de espectadores quando os 25 capítulos de Grande Sertão: Veredas foram exibidos entre novembro e dezembro de 1985. Transposição digna do livro, a minissérie, agora editada nesse compacto de 14 horas, exigiu de seus adaptadores, Walter George Durst (1922-1997), Avancini e José Antonio de Souza uma dose considerável de coragem para dar ênfase ao amor proibido entre Diadorim e Riobaldo, isso um ano depois que o Brasil saiu oficialmente de um ditadura militar para conhecer um pouco a liberdade garantida pela democracia.

Como se sabe, Riobaldo só descobre que Diadorim é mulher depois de sua morte, no epílogo filmado com delicadeza e ousadia. Nele, Bruna, até então vestida com roupas rústicas para enfrentar a aspereza do sertão, aparece nua para deleite dos telespectadores e tristeza de Riobaldo (Tony Ramos) - por ter resistido em vão ao assédio de Diadorim. Transformada em Reinaldo para enfrentar a dura realidade sertaneja, Diadorim é o personagem mais complexo desse épico que, publicado em 1956, ainda corre mundo conquistando novos leitores - a recente tradução argentina (Editorial Adriana Hidalgo), lançada em 2009, acaba de ser comparada pelos críticos ao Ulisses de James Joyce.

Causa impacto aos críticos estrangeiros a forma com que Riobaldo, o narrador e protagonista da história, interpela um interlocutor que jamais aparece no épico. Esse ex-jagunço órfão, que passa de matador de aluguel a mestre, transformando-se num homem religioso após ter feito um pacto com o Diabo, atravessa o sertão como se cumpre um rito de passagem para o (auto)conhecimento, acompanhado nessa via-crúcis por Diadorim, que encarna o enigma desse território não nomeado em que até Deus deve vir armado para enfrentar seu inimigo.

Bruna Lombardi jura que não fez nenhum pacto para encarnar Diadorim, mas conta que, misteriosamente, passou os três meses de gravação sem menstruar, de tão possuída que ficou pela figura masculina do jagunço. "Devo ter trocado de hormônios", brinca. Mas, na época, exaurida, chafurdou na lama, passou fome, pensou em cortar os pulsos, chorou e implorou para que aparecesse alguém naquele sertão sem fim que fizesse a clássica pergunta: "O que faz uma garota bonita como você num lugar como este"? Não apareceu. Ao contrário. Confundida com outros homens da equipe, ela levou um empurrão de um jagunço figurante que pensou se tratar de uma guerra de verdade, quando as tropas federais entram em conflito com as forças provinciais. Bruna saiu bem arranhada de uns tiros no meio do mato e ainda teve de se arrastar na lama. Para sentir a força de Diadorim, montou num cavalo bravo que disparou, levando a atriz a pensar na morte.

Quando seu filho Kim, então com 4 anos, foi visitá-la no set de gravação, o menino estranhou aquele jagunço loiro de olhos verdes e cabelos curtos, disparando um "mami-caubói" ao vê-la cavalgando. Bruna sentiu-se a última das moicanas sentada no meio da imundície, tendo de buscar moitas distantes para fazer um simples xixi. "Éramos apenas cinco mulheres no set de gravação num bando de 500 figurantes e alguns jagunços, que nunca tinham visto televisão, achavam que eu era homem e me chamava Reinaldo de verdade, fazendo xixi perto de mim". Foi um laboratório e tanto. Descobriu que Diadorim não precisava se parecer com nenhum deles, o que deu à figura andrógina uma aparência de tranquila neutralidade.

Bruna, apesar disso, não arrisca, como os editores franceses, a classificar Grande Sertão: Veredas de "romance gay". "O bonito numa obra de arte é a multiplicidade de leituras que ela permite, mas, como sou uma mulher, acho interessante como Diadorim se transforma para poder sobreviver num meio hostil, árido, em que uma pessoa do sexo feminino não viveria sem ser violentada". Seu personagem, analisa, é uma "metáfora linda" da metamorfose a que são submetidos todos aqueles que atravessam o sertão como se fosse o deserto bíblico, refúgio de santos atrás de respostas para questões existenciais. "Eu venci tudo o que havia de frágil em mim para encarnar Diadorim, até mesmo o medo mórbido que tinha de facas". E o diretor Avancini, tirânico, não lhe permitiu sequer usar armas cenográficas.

Por milagre, ela foi a única do elenco que não se machucou. E não havia tratamento especial pelo fato de Bruna ser mulher. Ela participava das cenas de batalha, dormia em cabanas improvisadas e ainda tinha de ajudar os feridos nos combates. "Tony (Ramos) quebrou o dedo, Luís Fernando (Carvalho, assistente de direção de Avancini) teve pedra no rim, enfim, aconteceu de tudo nas gravações". Especialmente ataques de epilepsia entre os figurantes sob um sol de 50 graus, curados com taco de fumo e folha de aroeira-brava. "A experiência de gravar a minissérie foi religiosa, uma entrega total a Diadorim, um mergulho radical nessa aventura", resume Bruna.

Marco na história da TV traz cenas ousadas

A adaptação de Grande Sertão: Veredas para a televisão foi um marco. Ela tem momentos memoráveis. Um deles é o primeiro encontro entre Riobaldo e Diadorim, ainda meninos, às margens do Rio São Francisco, cena ousada em que um pedófilo surge das águas e provoca o último com uma insinuação de caráter sexual, sendo rechaçado com a faca afiada de Diadorim. O timing é exato, como na sequência que define a relação entre Riobaldo (Tony Ramos) e Zé Bebelo (José Dumont), a de mestre e discípulo, mostrada com economia de palavras e gestos. Outra sequência econômica é a de Riobaldo tentando convencer Diadorim a tirar as calças encharcadas pela chuva numa choupana, carregada de tensão sexual. A descida do protagonista às veredas mortas de seu desejo reprimido é acompanhada por Avancini com um interesse que vai além do sociológico, metaforizando a relação Riobaldo/Diadorim como a do conflito de quem cruza o sertão dividido entre a identidade e a diferença, entre a autoafirmação e a negação do outro.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Para o 3 Médio: Cruz e Sousa

Maldito dos versos musicais
Cruz e Sousa atravessou a vida num silêncio escuro. Errante, trêmulo, triste e vaporoso, o negro e sublime poeta nascido na Desterro de 1861 suportou o peito dilacerado com a convicção da glória.
O Cisne Negro não se amedrontou diante de austeras portas lacradas. Maldito pela grandeza e pelo elixir ardente de versos capazes de arrebatar paixões até a atualidade, quando se completam os cem anos de morte.
De pranto e luar, sangue e sensualidade, lágrimas e terra construiu uma obra de estímulo às paixões indefiníveis. Mestre do Simbolismo no Brasil, aliou genialidade a um meticuloso rigor. Celebrado só depois de morto, o Poeta de Desterro foi um homem apaixonado, autor de versos transcendentais que ganharam o mundo.
Ele via a perfeição como celeste ciência, mas não saboreou a imortal conquista. Antes de morrer tuberculoso em Minas Gerais, em 19 de março de 1898, o poeta ensinou a alma palpitante, a fibra e sobretudo que "era preciso ter asas e ter garras".

Moderno antes de ser eterno
Seguidor da vanguarda francesa, Cruz e Sousa cria o Simbolismo no Brasil e revela-se um homem engajado com as lutas do seu tempo
Forças adormecidas de angústia e sonho sustentam a vida e a obra de Cruz e Sousa, autor de versos incompreendidos porque inovadores e inseridos na trilha da vanguarda francesa da época. O Cisne ou Poeta Negro, como alguns o chamavam, ao mesmo tempo em que produzia uma poética que o colocou ao lado de Mallarmé, Rimbaud e Verlaine, também desafiou o mundo com sua escrita contundente. "Não lhe bastou ser poeta, foi um jornalista engajado com as lutas de seu tempo", situa o poeta paranaenese Paulo Leminski em uma biografia publicada em 1983.
Negro numa sociedade escravocrata, Cruz e Sousa fez militância contra a escravatura. Pesquisadora do assunto, a professora-doutora Zahidé Lupinacci Muzart, do departamento de letras da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), lembra que nos anos 80 do século 19, Cruz e Souza e seu grupo discutiam as questões cadentes de seu tempo e lutavam fundando jornais, folhas, semanários alternativos...
Ele não se fechou a sete chaves numa torre de marfim, não abraçando a causa abolicionista, confome equivoca-se o crítico Fernando Góes, em estudo introdutório para uma nova edição da obra completa do poeta, em 1943. "Não foi indiferente à causa, muito pelo contrário", salienta o estudioso Iaponan Soares, dono do acervo mais completo sobre Cruz e Sousa no Brasil.
Em 1961, quando preparou outra edição de obras completas de Cruz e Sousa, Andrade Muricy, em comemoração ao aniversário de nascimeto, "fez importante coleta de dispersos, entre eles algumas páginas abolicionistas, duas das quais publicadas em livros, mas poucos conhecidas: "O Padre" e "Crianças Negras", além de outros. Quando passou pela Bahia, em 1885, o poeta participou do movimento abolicionista local, proferindo palestra. Seus escritos sobre o tema só muito mais tarde chegaram ao conhecimento da crítica.
A comprovação mais evidente da militância no movimento pela libertação dos escravos é sua participação na sociedade carnavalesca "Diabo a Quatro", que, em 1887, desencadeia campanha pelo abolicionismo, com plena cobertura da imprensa. Um dos textos mais inteligentes contra o escravagismo, escrito no jornal "A Regeneração" e intitulado "O Abolicionismo", é contuntende e articulado. "Não se liberta o escravo por pose, por chiquismo, para que pareça a gente brasileira elegante e graciosa antes as nações disciplinadas e cultas", dispara Cruz e Sousa.
O poeta ainda publicou em inúmeros outros jornais brasileiros, especialmente em Florianópolis e no Rio de Janeiro, para onde mudou-se definitivamente em 1890. Trabalhava por um magro salário.

Único neto de Cruz e Sousa
morreu doente e decepcionado
Descendentes vivem ainda com dificuldades no Rio de Janeiro, onde o poeta está enterrado
Ercy Cruz e Sousa, 75 anos, matriarca da família, vive no Realengo, no Rio de Janeiro. Ela foi casada com Sílvio, único neto de Cruz e Sousa, que morreu em 1955. Durante sua vida ele foi marinheiro, mas também trabalhou como eletricista e vendia peixe para sustentar a família. Quando morreu, Ercy tinha 32 anos e ficou com seis filhos para criar. Nunca mais casou. "Para que, meu filho?", indaga ela.
A matriarca, que está bastante doente, perdeu as contas do número de descendentes do poeta. Na última contagem feita por ela, havia 36 netos, 20 bisnetos e outra quantidade de tataranetos. Há outros que estão fora das contas de Ercy, que mora com a filha Dina Tereza Cruz e Sousa, 58 anos e com a neta Emilena, 22 anos. As três moram numa casa modesta, com dois quartos, sala, cozinha e banheiro, com piso de madeira e paredes de alvenaria. Emilene e o primo Anderson são até onde se sabe os únicos descendentes do simbolista Cruz e Sousa que chegaram a ensaiar algumas letras, mas desistiram da carreira de escritores. A justificativa de Emilene para não ter persisitido na profissão foi porque não queria passar pelo mesmo sofrimento de seu tataravó-poeta.
Pensão do governo
Ercy, a filha e a neta sobrevivem de uma pensão do governo do Estado de Santa Catarina, paga desde a década de 50 sob determinação do então governo Irineu Bornhausen. Apesar de não ser descendente direta de Cruz e Sousa, Ercy também tem sangue de artista nas veias. Até hoje ela amarga a frustação de não ter acompanhado uma excursão para a Alemanha. Era cantora de música afro e cantava em peças teatrais. Um empresário ligou para seu vizinho, convidando-a para a excursão, mas o recado não chegou aos seus ouvidos. Era uma época em que ela trabalhava de lavadeira durante o dia. À noite fazia o papel de uma cantora dos Palmares. O sonho de tornar-se uma estrela e reverter o quadro de miséria ficou sepultado no tempo. (JL)
Família enfrenta signo da fatalidade
Sílvio morreu muito doente. Ercy diz que o motivo de sua morte foi decepção com a vida. Lia muito jornal, andava pelas ruas para dissipar sua dor. Recomendava sempre que os filhos não abandonassem a escola. "Sem estudo vocês não serão nada", dizia. Poucos da família estudaram. Uma das descendentes de Cruz estudou um pouco. "Quase formou-se professora", comenta ela.
Sílvio é filho de João da Cruz e Sousa, quarto e último filho de Cruz, que nasce postumamente em 1898. Os outros três filhos morrem antes de atingir a adolescência. O próprio João Filho morre antes dos 20 anos. Mas deixa Francelina Maria da Conceição grávida. Ela também enfrenta o signo da fatalidade de Cruz e Sousa. Morre atropelada num desfile de Carnaval. Sílvio perdeu a mãe ainda muito jovem e é criado por Alexia Mancebo, uma paulista com uma boa situação financeira que vivia no Rio e tinha o maior carinho pelo garoto. Ela criou e educou o neto de Cruz.
Baú
Até março de 1988, Dina guardou com carinho um baú herdado do pai que guardava manuscritos e roupas do poeta. Todo cuidado não preservou o baú de uma enchente que o destruiu. Entre os valiosos papéis, havia muitas correspondências que se perderam para sempre. Havia também poemas avulsos e fotografias. Da pequena casa de dois cômodos, que abrigava bisnetos e trinetos do poeta, pouca coisa sobrou. A enxurrada levou móveis e muitas roupas dos quartos e salas, deixando rachaduras e buracos na parede.
Mausoléu
Dina já esqueceu a última vez que freqüentou o túmulo do avô. Brincando ela diz que o túmulo é limpo e recebe flores somente quando se comemora alguma data alusiva ao poeta. Segundo Manoel Gomes, autor do livro do "Palácio Rosado ao Palácio Cruz e Sousa", o mausoléu definitivo do poeta foi inaugurado em 5 de agosto de 1943. Foi construído pelo governador Nereu Ramos, no cemitério São Francisco Xavier, segundo projeto do escultor Hildegardo Leão Veloso. Na solenidade de inauguração, informa Manoel, o embaixador Edmundo da Luz Pinto e o poeta Tasso da Silveira discursaram enaltecendo a obra do poeta. (JL)

http://www1.an.com.br/cruz/index.html

  Leia também
1 Moderno antes de ser eterno
2 Ilustre desconhecido
3 Poesias de Cruz e Sousa
4 Desafio contra a ordem e o progresso
5 Exílio do corpo

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

ELETRODOMÉSTICOS EM INGLÊS

Eletrodomésticos em inglês

Posted: 16 Feb 2010 04:08 AM PST


Olá Pessoal, nossas frases de hoje falam sobre utensílios domésticos (home appliances), um assunto que faz parte da vida de todos nós e muitas vezes confunde.

Se você chegou aqui a procura de uma lista de eletrodomésticos em inglês com tradução, basta clicar aqui para acessar.

Agora sim! Vejam algumas expressões comumente usadas. Espero que gostem e aprendam ainda mais.

1. Microondas: Microwave
Ex: They love microwave popcorn. (Elas adoram pipoca de microondas.)

2. Geladeira: Fridge, refrigerator
Ex: His mother caught him raiding the fridge. (A mãe dele pegou ele assaltando a geladeira.)

3. Fogão: Stove
Ex:The milk boiled over on the stove.(O leite ferveu e derramou no fogão.)

4. Ferro de passar roupa: Iron
Ex: She got an iron as a present. (Ela ganhou um ferro de passar roupa de presente.)

5. Liquidificador: Blender, liquidizer
Ex: Her blender broke this morning. (O liquidificador dela deu defeito hoje de manhã.)

6. Batedeira: Mixer
Ex: He said the mixer is missing. (Ele disse que a batedeira sumiu.)

7. Aspirador de pó: Vacuum cleaner
Ex: This vacuum cleaner uses a lot of energy. (Este aspirador consome muita energia.)

8. Ar condicionado: Air conditioner
Ex: An air conditioner would make things easier. (Um ar condicionado iria facilitar as coisas.)

9. Aparelho de som: Stereo
Ex: Where did you buy this stereo? (Onde você comprou este aparelho de som?)

10. Máquina de lavar roupas: Washing machine
Ex: That washing machine was on sale. (Aquela máquina de lavar roupa estava de promoção.)

11. Aparelho de DVD: DVD player
Ex: He sent his DVD player to be fixed. (Ele mandou consertar seu aparelho de DVD.)

12. Máquina de lavar louça: Dishwasher
Ex: We need a new dishwasher. (Precisamos de uma máquina de lavar louça nova.)

13. Ventilador: Fan
Ex: Go and get the fan, please. (Vai buscar o ventilador,por favor.)

Formem frases com o novo vocabulário aprendido. Aguardo sua participação nos comentários.

Bons estudos!


60% das vagas via Enem sobram na 1ª etapa

da Folha de S.Paulo


Após a primeira rodada de matrículas, sobraram 60% das vagas oferecidas pelo Sisu (Sistema de Seleção Unificada), plataforma que seleciona alunos que fizeram o Enem 2009 para 51 instituições públicas de ensino. Um novo período de inscrição para preencher as 29 mil vagas que restaram está aberto até o próximo sábado.
A sobra se deve ao fato de que esses alunos selecionados na primeira etapa, que acabou dia 3, não se matricularam. Segundo o Ministério da Educação, isso já era esperado porque, depois das inscrições no Sisu, foram divulgados os resultados de outros vestibulares de instituições federais e estaduais, inclusive o da USP.
No Estado de São Paulo, sobraram 1.104 vagas na Unifesp e 780 na federal do ABC.
Agora, a expectativa do MEC é que pelo menos 80% das vagas oferecidas no Sisu sejam preenchidas nessa segunda rodada de seleção, que vai até as 23h59 de sábado. As inscrições devem ser feitas exclusivamente pela internet, no site sisu.mec.gov.br. As demais serão oferecidas novamente em outras rodadas de inscrição.
Podem se candidatar alunos que tiverem feito o Enem 2009. Aqueles que tiverem se matriculado em alguma instituição após a primeira etapa do Sisu perderão a vaga caso efetuem uma segunda matrícula.
As federais com as maiores sobras de vagas foram as de Mato Grosso (3.242), Pelotas (2.368) e Piauí (1.804). Há lugares disponíveis mesmo em cursos concorridos. Em medicina, por exemplo, sobraram 331.
Da mesma maneira que ocorreu durante a primeira rodada de seleção, nesta segunda etapa o aluno escolherá pelo site o curso e instituição onde deseja estudar. Ele poderá também mudar sua escolha até o último dia do período de inscrição -ou seja, sábado.
A cada manhã, o site informará a nota de corte de cada curso. Por isso, é recomendável que o aluno acompanhe o site até o último dia para saber se tem chance de ser selecionado.
A divulgação dos resultados está prevista para a próxima segunda, e a matrícula deverá ser realizada nas próprias instituições entre os dias 23 e 26.
Depois disso, haverá ainda outra rodada de inscrição com as vagas que sobrarem.
Este foi o primeiro ano em que foi adotado o Sisu. O objetivo do sistema era reduzir o número de provas que os alunos têm que fazer e facilitar a mobilidade dos estudantes entre os Estados.
Por ora, os dados iniciais do Sisu indicam ainda que a mobilidade acontece mais entre Estados de uma mesma região do que entre regiões.

USP Leste tenta se reinventar

Aos 5 anos, universidade quer ampliar cursos oferecidos e aumentar a divulgação para estudantes e empresas

Simone Iwasso e Mariana Mandelli

Após cinco anos de funcionamento e com as primeiras turmas formadas, o câmpus da zona leste da Universidade de São Paulo (USP), chamado também de Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), vai revisar e ampliar seus cursos, aumentando a divulgação para estudantes e empregadores. A ideia do novo diretor da unidade, Jorge Boueri, é reavaliar a proposta inicial de cada um dos cursos, o que inclui conteúdo, infraestrutura, empregabilidade e até mesmo o nome.

Criada para democratizar o acesso à USP e ampliar as relações da universidade com seu entorno, a unidade vive um paradoxo desde sua instalação. Ela inovou com sucesso nas propostas pedagógicas, inspirando outras novas instituições públicas, e apresenta baixo índice de evasão. No entanto, ainda tem procura relativamente baixa de candidatos, seus cursos são desconhecidos por boa parte da população e há uma dificuldade em inserir os formados em algumas áreas no mercado.

"Estamos pensando não só na ampliação dos cursos, mas na reavaliação dos que já existem. Vamos entrar em um processo de autoavaliação", afirma Boueri. O exemplo para a mudança será, segundo o diretor, o processo pelo qual passou o curso de Tecnologia Têxtil e da Indumentária, que mudou seu nome para Têxtil e Moda. "Houve uma adequação da proposta ao momento da sociedade. O curso foi modificado e o horário adaptado por causa dos estágios. Com isso, a relação candidato/vaga passou de 6 para 12."

PROCURA

A relação de candidato por vaga desse curso é uma das mais altas dos dez oferecidos na unidade - todos eles são novos no mercado, já que o regulamento da USP não permite que haja o mesmo curso em mais de uma unidade na mesma cidade.

A graduação em Ciências da Natureza, por exemplo, estreou com 2 candidatos por vaga e, no ano passado, tinha 3. Em Gerontologia, em 2009, foram 4 candidatos por vaga; Lazer e Turismo tinha 6; Ciências da Atividade Física, 4,4 alunos/vaga; Marketing, 10; Gestão de Políticas Públicas, 5,9.

Professores da unidade acreditam que depois do lançamento faltou investimento da própria USP na consolidação do câmpus. Muitos avaliam internamente que a ex-reitora Suely Vilela deu pouca atenção à unidade da zona leste durante sua gestão. Com isso, a construção de prédios e os projetos atrasaram. E, com eles, a divulgação dos cursos ficou a desejar.

"Acredito no potencial desta unidade, que está localizada em uma região muito carente e pobre. O que falta é criarem novos cursos e aumentarem a inserção na comunidade", avalia Padre Ticão, líder comunitário na região e responsável pela Paróquia São Francisco de Assis. Em reuniões com a direção do câmpus, ele defende a criação de um curso de Informática. Esse é também o curso mais pedido em pesquisa feita com estudantes do ensino médio antes da definição do que seria oferecido na USP da zona leste. "Os alunos querem cursos mais tradicionais, apesar de eu acreditar que os oferecidos atendem a nichos do mercado."

Outra briga do padre é a volta do cursinho comunitário, que foi oferecido em 2005 e depois suspenso. "No primeiro ano, teve mais alunos da região aprovados. Agora, o índice está em torno de 30%, mais baixo. Só com cursinhos eles podem ter mais chance", diz. "Com o cursinho, além de os estudantes da região aumentarem suas chances de serem aprovados, eles podem ter mais informação sobre as graduações." O diretor da unidade afirma que um dos projetos para este ano é justamente a volta do cursinho pré-vestibular.

BRIGA JUDICIAL

Outro desafio da USP da zona leste está no curso de Obstetrícia, voltado para formação de um profissional que atenda à mulher, em uma atuação semelhante à do enfermeiro obstetra. Atualmente, há uma disputa jurídica travada com o Conselho Regional de Enfermagem, que não aceita registrar o profissional formado no curso.

"Conseguimos liminar na Justiça que nos garante provisoriamente o reconhecimento, mas a briga continua. Há muito desconhecimento sobre nossa profissão", conta Marcel Robledo, formado na primeira turma. Apaixonado pela profissão e pela obstetrícia, seu desejo é atuar na área - desde que se formou, não conseguiu emprego.

"Adoro a profissão, mas, se soubesse que seria tão difícil arrumar emprego, teria feito Enfermagem e me especializado depois ou até mesmo tentado Medicina", diz. Ele conta que a maioria dos seus amigos de turma ainda não conseguiu trabalho na área.

Formada no ano seguinte, Bruna Cumpri também não está trabalhando, mas se sente mais otimista. "Ainda estou procurando emprego, mas é uma oportunidade de inserção. Acredito que com o tempo, com maior conhecimento do nosso diploma, ficará mais fácil."

O diretor da unidade reconhece a dificuldade em alguns cursos. "Temos tido alguns problemas, que serão resolvidos com o tempo. Empregabilidade é algo que não podemos deixar de avaliar."

Diversas vozes para Clarice

Documentário recria entrevistas que a escritora fez com personalidades

Ubiratan Brasil
A adoração de críticos e leitores podia sustentar a vaidade mas não a vida cotidiana de Clarice Lispector - como diversos outros escritores, ela se desdobrava em outra profissão, notadamente a de jornalista. No início, foram colaborações ocasionais, mas sua fama se estabeleceu no fim dos anos 1960, quando foi convidada a fazer entrevistas para a revista Manchete. E, como se tratava de Clarice, as perguntas, por vezes, eram mais reveladoras que as respostas.

Foi pensando nisso que uma sobrinha neta da autora, a cineasta Nicole Algranti, decidiu recriar aqueles encontros notáveis. O resultado é De Corpo Inteiro - Entrevistas, uma ficção com pitadas de documentário que será lançado em DVD hoje, a partir das 19h30, na Livraria Cultura Bourbon Shopping Pompeia. Trata-se da recriação de algumas das conversas que Clarice teve com personalidades e que estão agrupadas no livro Entrevistas (Rocco).

Na época, ela se dividia entre escrever o romance Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres e o livro infantil A Mulher Que Matou os Peixes, e ainda arrumava tempo para compor crônicas para o Jornal do Brasil. Mas, apesar do caráter de obrigação profissional, os encontros despontavam como momentos de prazer e descontração.

Um dos lances mais originais da documentarista foi o de convidar atores profissionais para encenar os instantes mais originais daquelas conversas. Assim, Louise Cardoso, no papel de Clarice, tem um encontro em um parque com Fernando Eiras, que vive Fernando Sabino. "Eles têm a mesma sintonia que Clarice tinha com Sabino", conta Nicole, que escolheu as atrizes com o pretexto de provocá-las a serem a escritora por um dia.

Além de Louise, a autora é também representada por Letícia Spiller, Beth Goulart, Silvia Buarque, Aracy Balabanian e outras. Já os entrevistados são revividos, além de Eiras, por Jofre Rodrigues (que recria de forma impagável seu pai, Nelson Rodrigues), Chico Diaz (Helio Pellegrino), Jayme Cunha (Jorge Amado) e Paulo Vespúcio (Carybé), entre outros.

"Não foi fácil para elas e nem para mim pois convivi com Clarice toda a minha infância", observa Nicole. "Na verdade, é uma tentativa de eu reencontrar a tia Clarice que perdi com sua morte em 1977, a tia, a mãe do Paulo e do Pedro, a mulher, a escritora, a misteriosa, a dona de casa, a jornalista, a que gostava de bichos como eu adoro. Como ela mesma disse: "Há muitos Rubens dentro de Rubem Braga, assim como há mil Clarices em mim"."

O resultado, de fato, é variado, com uma combinação de sotaques e entonações, uma vez que a escritora, além da musicalidade nordestina (fruto da época em que viveu em Recife), exibia ainda um defeito de pronúncia e não dizia direito o "r".

Mas ela surpreendia ao fazer perguntas mais abstratas, estranhas até: "Qual é a coisa mais importante do mundo?", "O que é o amor?" e "Qual é a coisa mais importante para uma pessoa como indivíduo?" eram suas favoritas.

Outra boa sacada do documentário foi a de convidar os entrevistados que estão vivos para repetir a experiência - dessa vez, com jornalistas no papel da escritora, todos repetindo as mesmas perguntas feitas por ela. Assim, Deolinda Vilhena, Arnaldo Bloch e Tania Bernucci são alguns dos entrevistadores de Elke Maravilha, Oscar Niemeyer, Tônia Carrero, Maria Bonomi, Nélida Piñon e Ferreira Gullar. "As respostas foram atualizadas, mas me impressionou que muitas foram as mesmas dadas a Clarice", conta Nicole. "Quando Deolinda perguntou a Tônia qual era coisa mais importante de sua vida, a atriz respondeu: "Manter-me viva e produtiva". Foi muito emocionante."

Problemas, evidentemente, não faltaram. O poeta Ferreira Gullar foi o primeiro entrevistado e, como o documentário foi filmado em HD, alta definição, corria-se o risco de o material sumir, da mesma forma que se perde misteriosamente um arquivo no computador. Assim, apesar de todo cuidado, um erro da produção fez com que todas as imagens captadas naquele dia desaparecessem.

"Muito sem graça, liguei para o Ferreira meses depois e pedi para repetir o encontro", conta Nicole, aliviada por contar com a compreensão do poeta, que aceitou.

O documentário exibe ainda uma cuidadosa trilha sonora, com música incidental feita por Roberto Frejat. O tema principal, Que o Deus Venha, tem letra da própria Clarice, retirado do livro Água Viva, e melodia de Cazuza e Frejat, coroada com uma bela interpretação de Adriana Calcanhotto.



sábado, 13 de fevereiro de 2010

Para o 3º Ano Médio: Aula do Programa Nossa Língua – TV Cultura

Pessoal,

Coloquei o link do programa da Cultura com o Professor Pasquale Cipro Neto sobre O Cortiço, de Aluísio de Azevedo e O Alienista, de Machado de Assis.

Também tem um programa sobre Capitães da Areia e Vidas Secas.

Assistam!

Bom Carnaval!!!

Profª Patrícia
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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Lição de casa – Literatura

Lição de casa da semana 08 a 12/02/2010 de Literatura:

6º ano: Exercícios do livro de Português, páginas 17, 18 e 19. Para o dia 23/02/2010.
7º ano: Exercícios do livro de Português, páginas 18 e 19. Para o dia 23/02/2010.
8º ano: Exercícios do livro de Português, páginas 16, 17, 18 e 19. Para o dia 18/02/2010.
9º ano:  Exercícios do livro de Português, páginas 16, 17, 18 e 19.Para o dia 18/02/2010.
1º Médio: Exercícios do livro de Literatura, páginas 2 a 8; Para o dia 22/02/2010.
2º Médio: Exercícios do livro de Literatura, página 172; Para o dia 22/02/2010.
3º Médio: Exercícios do livro de Literatura, páginas 330 a 337. Para o dia 24/02/2010.

Qulaquer dúvida, entrem em contato!

Bom Carnaval!!!

Profa Patrícia Borges
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Textos dos alunos

Prezados,

Espaço reservado para os alunos do Poeta publicarem seus textos.

Grande abraço a todos!

Patrícia Andréa Borges
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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

3º Médio: Lista de livros para Vestibular USP-UNICAMP

USP - UNICAMP
Lista unificada de livros que serão exigidos no FUVEST 2010
O Conselho de Graduação (CoG) da USP, em reunião realizada no dia 13/11/2008, aprovou a lista de obras de leitura obrigatória para o FUVEST 2010.

HOUVE alteração em relação ao Vestibular passado. As três obras modificadas pela nova lista estão destacadas em negrito.

Clique no link para baixar os livros.

Notas de Corte (1ª Fase):

Esporte 35
Engenharia 63
Jornalismo 60
Turismo 39

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Aula de Português - Assalto Cultural com o Grupo "Os Melhores do Mundo"



É um aula de Português muito engraçada!!!

Abração!!!

Patrícia Andréa Borges

Para o 2º Médio: Barroco – "Triste Bahia" de Gregório de Matos e Guerra, na interpretação de Caetano Veloso

Prezados alunos,

Segue o poema "Triste Bahia" de Gregório de Matos e Guerra musicado por Caetano Veloso. Ressaltando que esta leitura do poema está em consonância com a tristeza exalada pelo próprio poeta em sua feitura. Caetano "pegou" a essência do poema para interpretação da música.

Abraços a todos!

Patrícia Andréa Borges

Poemas Conjuntos

Os poemas conjuntos foram feitos pelos alunos de cada sala, em uma dinâmica muito interessante. O resultado foi maravilhoso, com poemas bem modernos, com incertezas bem modernas.

Leiam!!!!

6º ano: O meu melhor amigo

Meu amigo é prestativo para mim.
Amizade é compreensiva e importante,
as graças dele.
Meu amigo, ele sempre me faz feliz.
Meu amigo é especial.
Amigo é tudo de bom, ele te deixa feliz.
Eu adoro a confiança do meu amigo e a alegria que temos.
A amizade faz a gente ser feliz, é muito bom ter
amigos especiais.
Eu gosto do meu amigo porque ele é legal.
A minha amiga é muito especial para mim.
Meu amigo é engraçado e confiável.
O melhor amigo é a pessoa mais divertida do mundo.
Essa pessoa é muito legal comigo e,
às vezes, ela é chata.
O meu melhor amigo é sempre brincalhão.
Meu amigo é muito importante.
Meu amigo, para mim, ele é muito confiante.
O amigo sempre que a gente precisa
ele está ao nosso lado.
Meu amigo é educado.
Meu melhor amigo é uma pessoa que eu confio.

7º ano: Meu melhor amigo

Nas horas difíceis sempre podemos confiar.
Amigo é aquele que é fiel. Com ele acontece muitas conquistas!
Um amigo é aquele que te ajuda na hora que você precisa.
Amigo, para mim, é a pessoa que te apoia e nunca te deixa na mão.
Um melhor amigo tem que ser uma pessoa confiante,
companheira e esperta!
"Cumplicidade e o verdadeiro amigo"
Você precisa confiar no seu amigo.
Meu amigo não é um colega, mas um amigo
para o resto da vida.
Um amigo é aquele que você pode confiar e contar com ele nas horas mais difíceis.
Um amigo é sincero, amigável e confiável
um amigo é divertido, um amigo é leal e fiel,
um amigo, para mim, é quem fica sempre do meu lado e tem fé.
Amigo é companheiro, quem nunca te larga na mão.
Ter irmão e amigo.
Amizade e o verdadeiro amigo.
Amigo é um diário vivo, às vezes escapa uma folha,
mas sempre estará escrito com caneta brilhante.

8º ano: Meu melhor amigo

Amigo é aquele que se conhece desde a infância...
Amigo não diz "adeus" e sim "até logo"
um belo amigo sempre fica ao seu lado
um amigo só quer o seu bem.
Amizade verdadeira é aquela
que pode confiar.
Um amigo é aquele que está disposto
a ajudar.
Um amigo é para ajudar
na dificuldade.
Ser amigo é ser confiável e ter
em quem confiar.
Pois, hoje, eu sou feliz.
Amor se conquista, não se pede.
Amizade é companheirismo.
São aqueles que ajudam o outro qualquer
hora.
Não vivo sem ela.
Amigo é companheirismo, amigo é amor,
é a pura amizade.
Amigo é compreensão e também
amizade eterna e compaixão.
Amigo é sinceridade, amigo é amizade.
Sou legal e não pardal.

1º Médio: O futuro

Liberdade
Provavelmente será uma surpresa.
Espero que o futuro seja melhor que hoje.
O futuro simplesmente está em suas mãos.
Paz
A Arte faz parte do meu futuro.
Do futuro não espero grandes causas.
Muito branco usar
O mundo não vai acabar em 2012 :)
O futuro é muito duvidoso.
Espero que seja bom, mas com o que ocorre hoje em dia, não posso dizer.
Não somos nós que esperamos o futuro,
é ele que nos espera.

2º Médio: O futuro

No futuro quero ser alguém melhor
Podes acreditar em mim
esperança, vitória, essas são
palavras de glória.
O futuro é algo imprevisível, mas temos
que trilhar este caminho.
Medo do que pode acontecer.
O futuro é indispensável.
Quero conquistas, certezas! Quero vitórias...
Só o futuro dirá a verdade que esperamos.
O futuro, eu espero, que seja
Brilhante.

MAU HUMOR FAZ BEM PARA A MEMÓRIA

Psicólogos da Universidade de New South Wales (Austrália) constataram que pessoas ma-humoradas possuem mais capacidade de memorização, cometem menos erros e escrevem melhor. Isso supostamente acontece porque o cérebro se concentra mais quando a pessoa está irritada.

Superinteressante Fevereiro 2010 pág. 22

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

QUER FICAR ESPETO? LEIA UM LIVRO QUE NÃO FAZ SENTIDO

Psicólogos americanos pediram a voluntários que lessem Um Médico Rural, de Franz Kafka - um conto surrealista, com algumas passagens aparentemente sem sentido. Outro grupo leu uma versão reescrita do livro, que fazia sentido. Depois, todo mundo fez uma prova de gramática - e quem tinha lido a versão sem pé nem cabeça se saiu melhor.
Possível explicação: o nonsense motiva o cérebro, que fica mais alerta.
Revista Superinteressante, Janeiro 2010 pág. 18
Que tal a professora Mirna fazer esse teste?

PRODUTOS ECOLÓGICOS DEIXAM VOCÊ MAU

Você só compra frutas orgânicas? Detergente que não polui os rios? Usa uma ecobag? Isso pode estar afetando o seu caráter.
Um estudo da Universidade de Toronto constatou que, depois de consumir produtos ecológicos, as pessoas ficam mais propensas a roubar e trapacear em jogos. Fazer boas ações pode abrir espaço para o egoísmo.
Revista Superinteressante Janeiro 2010 pág. 28
O que você acha dessa teoria? Comente.